ALFA E ÔMEGA OU ALEF E TAV
Para milhares de pessoas essa palavra significa “Assim seja”, tendo o sentido de confirmação de algo que foi dito por alguém, mas o sentido dessa palavra não tem nada a ver com esse significado.
Atualmente temos presenciado muitas discussões sobre a veracidade do Novo Testamento, se a mesma foi escrita em grego ou hebraico e também das adulterações realizadas pelos copistas ao transcrever os ditos originais. Adulterações essas colocadas, algumas conscientemente para implantar doutrinas baseados em dogmas e conceitos, outras por falta de conhecimento do copista da língua hebraica, da tradição e também do contexto histórico da época, mas que infelizmente, trouxe várias deturpações e heresias.
Até que ponto essas deturpações nos levam a não aceitá-la como parte da Palavra de D-us?
Realmente que isso tem atrapalhado muito as interpretações que os autores nos quiseram passar, mas hoje temos ferramentas que podemos usar, diminuindo substancialmente as que são erradas e que nos levam a agir erroneamente. Não podemos por causa disso, desconsiderar o Novo Testamento como um livro qualquer. Hoje devo muito as palavras desse maravilhoso livro, bem como milhares de pessoas que hoje vivem em busca de um relacionamento com o Eterno. Mesmo que alguns estudiosos questionam essa nossa posição, devemos sim considerá-la uma peça importante, tanto historicamente como espiritualmente.
Sobre o Antigo Testamento, a primeira tradução que temos conhecimento foi para o grego Koiné que chamamos de Septuaginta LXX no Séc III a.C e também no Séc I a.C em Alexandria.
Essa tradução ficou conhecida como a Versão dos Setenta (ou Septuaginta, palavra latina que significa setenta, ou ainda LXX), pois setenta e dois rabinos (seis de cada uma das doze tribos) trabalharam nela e, segundo a tradição, teriam completado a tradução em setenta e dois dias. Essa versão é considerada a clássica e foi usada como base para diversas outras traduções.
Com relação ao Novo Testamento a mesma é composta por um grupo de cartas e livros que foram compostos por alguns apóstolos e discípulos de Cristo Jesus (Mashiach Yeshua), temos notícias de uns 5500 manuscritos espalhados em museus e bibliotecas pelo mundo afora. Os documentos vão desde fragmentos de papiro até Bíblias inteiras em grego, produzidas a partir da invenção da imprensa.
É notório que existem várias variações que infelizmente não temos como determinar sua veracidade devido não termos acesso aos manuscritos originais, nós dependemos somente de cópias dos textos-fonte.
Como então podemos hoje afirmar que determinado versículo, capítulo ou livro foi transcrito corretamente e qual foi a linguagem original?
Os originais do Novo Testamento
A Igreja ensina que todos os originais do Novo Testamento foram escritos em grego, o que se estudarmos a fundo os autores de cada livro e carta entenderemos que isso seria impossível. Sabemos que ela foi escrita como “cartas” direcionadas a diversas pessoas, já que naquela época era o único meio de comunicação entre as pessoas distantes. Os autores dessas cartas, nunca imaginavam que as mesmas seriam incluídas como parte da Bíblia, o objetivo deles eram informar, ensinar, corrigir e consolar as Comunidades Messiânicas da época. Falo como Comunidades Messiânicas porque nesse período ainda não existia o termo “Igreja”, mas sim grupos de judeus e gentios que acreditavam que Jesus era o Mashiach (Messias) prometido por D-us e os mesmos se reuniam nas Sinagogas, principalmente no Shabat, para estudar a Torah. De acordo com que está escrito, eram chamados de “os do caminho” ou “os da seita”.
Conheço um estudioso da Torah que diz sempre a seguinte frase: “Seja um ser pensante”. Hoje milhares de pessoas querem conhecer a D-us sem estudar Sua palavra, aprofundar em Seus mandamentos. Muitos esquecem que tanto o Antigo como a Novo Testamento foi escrito em sua maioria por judeus. A Bíblia é judaica, não é grega, romana e nem portuguesa. Por mais que a Igreja tenha tentado desvincular a Bíblia do judaísmo e apagar de vez a língua hebraica, isso não foi possível. Por considerar uma língua “santa”, os judeus pagaram um preço alto para preservá-la, as vezes inclusive com a própria vida. Mesmo sendo perseguidos, livros com escritos em hebraico sendo queimados, inclusive várias Torah, o hebraico hoje é a língua falada em Israel, isso graças aos esforços de Eliezer Ben-Yehuda, rabino que viveu no Império Russo, que hoje chamamos de Bielorrússia.
Não podemos aceitar tudo que um pregador ou evangelista nos diz, temos que buscar se aquilo que está falando está de acordo com que está escrito.
Com relação ao livro de Mateus por exemplo, ele era judeu e coletor de impostos, escreveu o livro por volta dos anos 70 D.C. Jerusalém nessa época ainda estava em dominação romana, o latim era a língua dos dominadores e o grego a língua usada comercialmente, como o inglês é hoje. Será que todos os judeus da época naquela região sabiam ler e escrever em latim e grego? Claro que não. Como havia dito anteriormente, Mateus enviou esse livro provavelmente a um grupo de pessoas para relatar como Jesus (Yeshua) viveu, morreu e ressuscitou. Escritos cristãos primitivos dizem que Mateus escreveu em hebraico e não em grego como alguns pensam.
Várias cartas do Apóstolo Paulo foram direcionadas a pessoas e Comunidades de determinadas regiões e países. Seria lógico afirmar que, por exemplo, o livro de Romanos poderia sim ser escrito em grego ou até mesmo latim, afinal a carta foi dirigida à Comunidade Messiânica que residia em Roma. Agora, afirmar que o livro de Hebreus foi escrito em grego é totalmente inconcebível, pois a mesma foi direcionada a um povo cuja língua era hebraica.
Quando Jesus (Yeshua) estava entre nós pregava somente para os judeus, está claro em Mt 10 e 15. A maioria das pessoas que o seguiam não eram estudiosas da Torah, mas sim pessoas simples e que muitas vezes não falavam grego nem latim e sim hebraico e aramaico.
Como interpretar corretamente a Bíblia
Para que uma interpretação seja a mais correta possível, devemos olhar primeiramente o contexto histórico, esse tipo de estudo faz também parte da Hermenêutica, matéria inclusive ensinada nas grandes escolas de teologias no mundo e que infelizmente não é praticada como devia.
Para podermos fazer essa análise devemos fazer algumas perguntas e respondê-las, sendo algumas delas:
1) Essa palavra foi dirigida a algum povo ou cidade?
Percebemos que várias cartas se iniciam falando para quem está sendo enviada, cito como exemplo o Ef 1:1 que diz: “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de D-us, aos santos que estão em Éfeso, e fiéis em Cristo Jesus:“. Será que o Apóstolo mudaria algum texto se a carta tivesse sido direcionada a outro povo, por exemplo, Coríntios? Claro que sim. Cada cidade ou população tem suas práticas e tradições totalmente diferentes, imagine de um país para outro, há ou não há mudanças? Um palavra pode mudar todo o sentido de uma região para outra, se isso acontece hoje não acontecia na época dos Apóstolos? Vamos citar o texto de I Co 11:2-6 “Todo homem que ora, ou profetiza tendo a cabeça coberta, desonra a sua própria cabeça. Toda mulher, porém que ora, ou profetiza, com a cabeça sem o véu, desonra a sua própria cabeça, porque é como se a tivesse rapada. Portanto, se a mulher não usa o véu nesse caso que rape o cabelo. Mas se lhe é vergonhoso o tosquiar-se, ou rapar-se, cumpre-lhe usar véu”. Algumas doutrinas obrigam as mulheres usarem véu por causa desses versículos e proíbem que elas orem ou profetizam sem o mesmo. Vamos então entender o motivo que o Apóstolo escreveu isso nessa carta.
Ela foi primeiramente endereçada aos irmãos da cidade de Corinto, na Grécia. Corinto é até hoje uma cidade portuária muito importante, pois recebe embarcações de todas as nações através do Mar Mediterrâneo. Foi uma autêntica metrópole, abrigando gente de todas as culturas antigas. A cidade oferecia aos viajantes, mais divertimento e opções cultuais que outros portos. Lá ficava o único anfiteatro (uma construção romana) da Grécia com capacidade para mais de 20.000 pessoas. Naqueles dias, havia um culto a uma deusa chamada Afrodite, que era tida como a deusa da fertilidade. Nesses cultos havia a presença de prostitutas cultuais, que tinham relações sexuais durante a cerimônia. A maioria delas tinha a cabeça raspada. O seu templo abrigava mais de 1000 prostitutas. A cidade tornou-se símbolo da promiscuidade e decadência moral. Este culto passou ser uma tradição da cidade e infelizmente existe até hoje na Grécia. A cultura judaica era diferente dos costumes de Coríntios. As mulheres gregas vestiam-se de modo diferente das judias. Os judeus jamais comeriam uma comida vendida em mercado, principalmente sacrificada a ídolos. Um judeu, naquela época, de modo algum permitiria que as mulheres falassem nas sinagogas, mas na cultura helênica, contanto que cobrisse a cabeça, as mulheres receberiam permissão para orar, pregar (profetizar) e exercer alguns ministérios. A cultura hebraica se chocava com a cultura de Coríntios. Naqueles dias os homens jamais cobriam a cabeça para orar a D-us; somente as mulheres. Séculos depois, esse costume judaico mudou. Quando um homem entrava na sinagoga recebia o Talith, um xale de quatro pontas para ser posto sobre sua cabeça. Os romanos, antes do aparecimento do Talith judaico, já costumavam entrar em seus templos com a cabeça coberta. Os gregos, todavia, tradicionalmente oravam e adoravam com a cabeça descoberta. Traduzindo essa argumentação grega, Paulo argumenta que o homem deve orar assim porque ele é a imagem de D-us na terra e esta imagem não pode ser encapuzada. “Portanto, se a mulher não usa véu, nesse caso, que rape o cabelo. Mas, se lhe é vergonhoso o tosquiar-se ou rapar-se, cumpre-lhe usar véu” (v. 6). O contexto deste capítulo é uma questão de cultura e não de doutrina. Paulo faz uma analogia para mostrar que uma mulher sem o véu simboliza, na cultura judaica, o mesmo que a mulher com a cabeça rapada simboliza na sociedade grega. Prostituta ou infiel. O motivo maior que levou Paulo a escrever este assunto para a igreja de Corinto, foi para proteger as irmãs que tinham cabelos curtos de serem confundidas com as prostitutas cultuais. Isto porque, da mesma forma que uma mulher sem véu era considerada prostituta pelos judeus, uma mulher com a cabeça rapada era tida como meretriz pelos gregos.
2) A quem foi dirigida essa palavra?
Algumas pessoas gostam de usar determinados versículos e dizer que o Eterno prometeu isso a ela, mas se analisarmos o mesmo veremos que não é bem assim. Vejamos como exemplo At 16:31 “Crê no Senhor Jesus Cristo e será salvo, tu e a tua casa". Não foi uma nem duas vezes que presenciei várias pessoas decepcionadas com D-us, porque acreditavam que pessoas de sua família estariam convertidas antes de sua morte e isso não tinha acontecido. Para basear sua afirmação usavam como base esse versículo. Devemos entender que essa palavra, não foi direcionada para todos, mas sim somente para um indivíduo, o Carcereiro. Eu não posso fazer uso dessa palavra na minha vida afirmando que o Senhor prometeu isso na minha vida baseada nesse versículo, pelo contrário, o Senhor Jesus falou em Mt 10:35 e 36 “Pois Eu vim para ser motivo de discórdia entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra. Assim os inimigos do homem serão os da sua própria família”. Vejamos o versículo que está em Lc 4: 14-30 “Não há profeta sem honra, senão em sua própria terra, entre os seus parentes e em sua casa“. A palavra nos orienta a usar não a pregação e sim levá-los até a Jesus através de nosso testemunho, como uma vez o próprio Paulo disse em I Co 7:16 “Porque, de onde sabes, ó mulher, se salvarás teu marido? ou, de onde sabes, ó marido, se salvarás tua mulher? “. Isso que dizer que nossos familiares nunca se converterão? Não, isso mostra que cabe ao Espírito do Santo agir e não nós. Tentar discutir sua posição religiosa com uma pessoa de sua família é a mesma coisa de um médico fazer cirurgia numa pessoa de sua família, isso não deve nunca acontecer, porque envolve o pessoal e o emocional. A Bíblia nos ordena que devemos pregar para eles com o nosso testemunho diário. Existem, claro, situações específicas para cada caso, mas fazer disso uma doutrina baseada nesse versículo não é prudente.
3) O texto está de acordo com a tradição da época?
É um outro ponto muito importante que normalmente foi desconsiderado pelos tradutores e copistas do Novo Testamento. Todo judeu na época de Jesus eram submissos aos mandamentos, ou seja, a Torah. Há uma confusão generalizada no meio cristão quanto a questão da tradição judaica. Um judeu nunca comeria, por exemplo, porco. O porco para um judeu, até hoje, é a mesma coisa que uma barata para nós brasileiros, ou seja, não é comida. Se eu perguntasse a um brasileiro se cachorro é comida, ele responderia não. Mas se eu perguntasse a um chinês se cachorro é comida ele responderia que sim, porque na china existe a prática de se comer cachorro. Como exemplo cito o versículo de Mt 15:11, onde Jesus critica os escribas e fariseus que questionam sobre o motivo em que os discípulos dele não lavavam as mãos, conforme a tradição. Se nós não estudarmos a tradição judaica da época, nunca entenderemos o capítulo 15 do livro de Mateus, porque ali se trata justamente disso. Algumas pessoas, desconhecendo essa tradição de que porco não é comida para o judeu, justifica seus atos de comer qualquer coisa dizendo que Jesus falou que “o que contamina não é o que entra...”. Nesse momento ele estava falando sobre comida e isso não incluía o porco bem como os alimentos proibidos por D-us no livro de Levíticos. Porque ele condenou os escribas e fariseus? Simplesmente pelo fato de que alguns judeus se preocupavam tanto com a tradição que esquecia dos mandamentos. Os mandamentos tem que estar acima das tradições. Nesse período havia uma tradição judaica que permitia um filho dar sua herança ao templo e ser sustentado pelo próprio templo, com isso ele deixava de cumprir um dos mandamentos, que era de “honrar pai e mãe” e diziam que era “korban”, oferta ao Senhor. Se o templo sustentava a pessoa, como pois ele poderia sustentar seus pais no momento de necessidade? No hebraico a palavra “honrar” tem o mesmo sentido da palavra “sustentar” em português. Quando eles vieram e questionaram o fato dos discípulos de “não lavar as mãos”, não denota que Jesus não lavava as mãos antes de comer ou mesmo que os discípulos não lavavam nunca suas mãos, foi uma situação específica daquele momento. Ali o Senhor interveio a favor dos seus discípulos, assim como um pai ou uma mãe intervém quando alguém tenta chamar a atenção de seus filhos, mesmo eles estando errado. O que então Jesus fez? Aproveitou a situação e citou essa questão, de que a tradição para eles estava acima do mandamento. Jesus não era contra as tradições e sim somente contra aquelas que eram “jugo” sobre o homem. O Shabat é um outro exemplo, o que o Eterno ordenou? Em dois momentos Ele disse para “lembrar” (Ex 20:11) e o outro “guardar” (Dt 5:12). O que os rabinos questionaram? Como iremos “lembrar” e “guardar” do Shabat? Com isso criaram várias tradições em cima do Shabat, o que chamamos de “cerca” ao redor do Shabat, tradições essas que não foram determinadas pelo Eterno. Para entendermos melhor sobre o assunto do Shabat, precisaríamos de um estudo mais aprofundado. A situação ficou tão pesada, que eles proibiam curar pessoas no Shabat e até de fazer remédios. Imaginem naquela época, a medicina era arcaica e feita muitas vezes através de plantas, não haviam substâncias químicas como hoje. Uma gripe poderia matar uma pessoa, por isso que em Jo 9:5-7, ele cuspiu no chão e fez lodo, fez um remédio e logo após ungiu os olhos do cego e isso no Shabat, e o mesmo foi curado. Essa atitude mostra que a tradição de fazer remédios e curar pessoas no Shabat não era proibido pelo Eterno e sim pela tradição judaica. Algumas pessoas se dizem “noivas” de Jesus, mas não querem conhecer a sua língua nem a tradição de seu povo. Isso é ridículo. Como vou me casar com uma pessoa sem conhecer a tradição de seus familiares? Se Jesus mora em seu coração, então um judeu mora em seu coração. Se formos nos aprofundar nesse assunto, veremos vários versículos traduzidos que, baseado pela tradição judaica da época, está totalmente fora de contexto.
4) O texto está de acordo com o contexto da Bíblia?
Não se pode pegar um versículo isolado e aplicá-lo, deve-se usar exemplos do mesmo livro como também de outros. As maiorias das heresias implantadas, são de textos isolados que são aplicados, como diz aquela velha frase “Um texto fora do contexto é pretexto para heresia”. Quando alguém for te inquirir com alguma doutrina, vá na palavra, verifique se existem outros versículos do próprio livro e se não, procure em outros para verificar se realmente tem base bíblica que confirme essa atitude ou decisão. Se não encontrar outro versículo que confirme aquela doutrina, é heresia. Vejamos um exemplo que está escrito em Mt 28:19 “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; “. Ai vamos fazer as perguntas. Além desse versículo, existe outro que determina o batismo em nome da trindade? Resposta não. Existe algum versículo que determina o batismo em outro nome ou nomes? Sim, em At 2:38; 8:16; 10:48; 19:5 mostra-se a prática dos Apóstolos e dos Evangelistas de batizarem em nome de Jesus, além de outros que confirmam essa situação. Então porque existe esse versículo? Como foi implantado? Ai teremos que usar o Contexto Histórico, onde comprova que esse versículo surgiu no Séc IV após o Concílio de Nicéia. Nesse caso, é comprovado que não se deve batizar em nome da Trindade, não estou aqui questionando a existência ou não da mesma, esse assunto deverá será discutido em outro estudo posteriormente. Hoje, infelizmente, a maioria das Igrejas Evangélicas praticam essa doutrina totalmente antibíblica.
Vejamos outro exemplo. Em 1830, na Escócia, uma menina de 15 anos, chamada Margaret McDonalds, da Igreja Católica Apostólica, teve uma "visão", no qual afirma que um grupo seleto de cristãos seriam arrebatados antes da Grande Tribulação. Essa visão chegou aos ouvidos de John Darby, criador do Dispensacionalismo, que faz um verdadeiro reboliço com a Bíblia Sagrada. Darby dizia que o tempo da Lei de Moisés acabou com a ressurreição de Cristo, onde começa o tempo da graça, onde no futuro, esse tempo acabará e voltará então o tempo da Lei, onde ainda mais para frente voltará o tempo da Graça. Muitos cristãos creem nessa profecia até hoje. Mas o que afirma a Bíblia? Em I Co 15:52 “Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta (shofar); porque a trombeta (shofar) soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados”.
Vamos a segunda pergunta. Onde na Bíblia fala sobre o soar desse shofar e quando ele for tocado o que aconteceu e acontecerá?
Em Ap 11:15 que diz “E o sétimo anjo tocou a sua trombeta (shofar), e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre”. Analisando os textos antes desse versículo bem como os posteriores, é claro que quando o último shofar for tocado, a perseguição já tinha acontecido e o arrebatamento aconteceria logo após.
Quem está correto? A menina chamada Margaret Darby e seu mentor John Darby ou a Bíblia? Claro que a palavra está acima de toda profecia, seja ela dada por quem for Gl 1:8 “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema”. Essa profecia está totalmente fora dos ensinamentos dados na Bíblia, com isso se torna uma heresia.
Falemos sobre o tema proposto nesse estudo “Alfa e Ômega ou Álef e Tav”. Será que a Novo Testamento foi escrito somente em grego? Será que o Eterno se apresentou no livro de Apocalipse ao Apóstolo João como "Alfa e Ômega"? Não, a maioria dos livros que compõem a Novo Testamento provavelmente foi escrita em Hebraico e mesmo que alguns livros ou cartas fossem escritas em grego, várias palavras chamadas de “chaves” teve seu original em hebraico. A palavra “shofar” por exemplo não poderia ser traduzida, pois a tradução errônea por “trombeta” e “buzina” muda e perde muitas vezes o sentido do texto. Hoje, baseado na lei, não poderia ter substituído o nome dele por Jesus e sim Yeshua de acordo com a regra de tradução que existe, porque o nome de uma pessoa não pode ser mais traduzido. Há uma lei atualmente de tradução que determina várias coisas, se uma palavra ao ser traduzida mudar o sentido da frase, ela não poderá ser traduzida e sim colocada como está no original.
Se Jesus se apresentasse hoje para você ele falaria em que lingua? Mesmo que você fosse um poliglota não seria ilógico ele se apresentar para você numa outra língua que não fosse a de seu povo? O que a maioria dos cristãos esqueceram, como já mencionei acima, é que ele veio primeiramente para os judeus e só depois, através do Apóstolo Pedro, é que a palavra foi levada aos gentios.
Que esse pequeno estudo possa incentivar aos leitores a não aceitarem tudo que algumas pessoas dizem, ensinam, pregam, profetizam e determinam como mandamento de D-us em sua vida. Que haja uma busca na palavra, pois como ele mesmo disse em Mt 22:29 “Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de D-us”.
Devemos conhecer as escrituras tanto o Novo Testamento como principalmente a Velho, pois na época de Jesus quando ele disse essas palavras, não existia ainda nem sombra do Novo Testamento. A Bíblia nos fala que a cura e a libertação vem através da Palavra de D-us, a oração o jejum e outras práticas são consequências do uso dela. Pela Palavra o Eterno criou o Universo e a Terra e assim como está escrito em Jo 1:1 de acordo com os originais “No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com D-us e a Palavra em sua essência era D-us”. A Torah é o próprio Jesus e quem é contra ela é contra o próprio Senhor de acordo com que está escrito em Mt 7:21-27 “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade. Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. E aquele que ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia; E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda”.
Quero salientar que a palavra iniquidade em grego no original é “anomia”, que significa:
a = contra
nomia = lei (Torah)
Se alguém é contra, fala mal e age contra a lei, desconhece o Senhor Jesus e será rejeitado por ele.
Uma pessoa me perguntou certa vez? Qual a melhor tradução que tem do Velho e do Novo Testamento? Qual que devo comprar?
A essa pergunta eu respondo da seguinte maneira. Todas. Eu procuro ter em minha biblioteca, todas as traduções possíveis. Gosto muito da Bíblia Hebraica e também da Bíblia de Jerusalém, mas nunca faço qualquer estudo sem consultar a Bíblia de João Ferreira de Almeida com dicionários e também Chaves Bíblicas. Hoje temos uma grande vantagem que é a internet, que nos ajuda muito. Você pode ter acesso a vários manuscritos originais que são postos, até em formato PDF, na internet. Precisamos entender que infelizmente como não temos acesso aos verdadeiros originais, devemos ter paciência e buscar o entendimento através das que existem e para mim quanto mais velha a tradução melhor.
Hoje você não tem desculpa e dizer “ eu não sabia”, principalmente após ler esse estudo que estou passando. Se você seguir a risca esse ensinamentos, tenho certeza que será muito difícil qualquer pessoa lhe enganar com ensinos e profecias erradas.
Termino esse estudo deixando um versículo que é o resumo de tudo que ensinei: Os 4:6 “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; e, visto que te esqueceste da lei do teu D-us, também eu me esquecerei de teus filhos”. A palavra “conhecimento” no original desse versículo é “da'at” que significa conhecimento, astúcia que deriva da raiz “yada” conhecimento, opinião. Essa raiz expressa o conhecimento adquirido de diversas maneiras pelos sentidos. É um conhecimento em todos os sentidos, seja da Palavra de D-us como também de outros assuntos bem como envolve os seus sentimentos sobre o assunto. Devemos também entender que esse versículo foi direcionado aos “Sacerdotes”, aqueles com posição de autoridade sobre o povo.
Pr. Antonio Carlos
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